As Erínias são figuras mitológicas da justiça religiosa da Grécia arcaica, da vida ainda muito ligada à natureza. Com os cabelos eriçados de serpentes, são geralmente três, e não reconhecem qualquer outra autoridade divina, nem mesmo a de Zeus. Da escuridão dos Infernos, onde moram, punem todos os excessos humanos, perseguem os criminosos e enlouquecem as suas vítimas. As Erínias (ou fúrias) têm por missão vingar os crimes de sangue cometidos entre familiares.
Em Ésquilo já há uma busca de saída dessa justiça baseada nas figuras mitológicas das Erínias. Começava a haver a vida da polis, surgem as Eumênides e as figuras terroríficas da Erínias cederão lugar à sua generosidade. No mito, Orestes assassina a mãe, enlouquecendo. Vai a julgamento em que as Erínias, deusas vingativas e terríveis acusam-no ferozmente, cercando-o, dançando e cantando em coro. No julgamento, decidido por Apolo, Orestes é perdoado e as Erínias são transformadas em Eumênides, que são as deusas do perdão.
No coro das Erínias, Ésquilo faz alusão ao ciclo da vingança, em que cada ato vingativo atrai outro: Fechemos este círculo dançante! Cantemos esse pavoroso hino anunciando como nosso bando reparte a sorte entre todos os homens! Consideramo-nos portadoras de uma justiça inflexível; se um mortal nos mostra suas mãos imaculadas, nunca o atingirá nosso rancor e sua vida inteira passará isenta de todos os sofrimentos. Mas quando um celerado igual a este oculta suas mãos ensangüentadas, chegamos para proteger os mortos testemunhando contra o criminoso, e nos apresentamos implacáveis, para cobrar-lhe a dívida de sangue! O mito das Erínias representa a evolução da justiça primitiva baseada na lei do taleão, na mera vingança, para a justiça capaz de perdoar e julgar sem préconcepções.
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