domingo, 25 de abril de 2010

Homofobia, sua justiça e a vingança de suas vítimas.




Na edição de abril/maio, o periódico “O Parasita”, que circula na Faculdade de Farmácia da USP, há a citação de um caso de agressão a homossexuais e, posteriormente, promete dar convites para uma festa universitária a quem jogar fezes em quem se declare gostar do mesmo sexo.

O próprio jornal "O Parasita" cita um outro caso de homofobia na USP. Em 2008 um casal gay foi expulso de uma festa da faculdade de veterinária porque estava se beijando. Em 2005, duas estudantes da USP chegaram a ser presas porque namoravam no campus da zona leste de São Paulo.

Em 2008, um casal homossexual foi agredido após se beijar em cima do palco de uma festa do curso de veterinária. A dupla registrou queixa por constrangimento ilegal e lesão corporal e um inquérito foi aberto. Um "beijaço" gay foi realizado dias depois, no mesmo local onde ocorreu a agressão, como forma de protesto.

De acordo com o site Midiacon, neste sábado (24), os alunos de Farmácia da USP comentaram o artigo, demonstrando repúdio à proposta inserida no jornal.

"Ninguém vai fazer isso e seguir o que eles falaram, realmente não precisava", afirma a estudante de Farmácia, Isadora de Barros.

"Foi um total mau gosto", diz o estudante de Farmácia, Gustavo Luna.

"Eu acho que a intenção não foi essa. Com certeza foi um ato discriminatório. O pensamento em uma universidade é livre. Eu acho que é isso que se prega", conclui o estudante de Farmácia, Samuel Shitara.

Como a distribuição, semestral, é feita pela internet, foi fácil a denúncia chegar à defensora pública, Maíra Coraci Diniz.

"Foi aberto um pedido para que a polícia investigue os autores dessa infração, bem como uma denúncia no âmbito da lei estadual de homofobia", esclareceu a defensora. E ainda afirmou que "Se tratado de forma diferente, as pessoas vão achar que é normal incitar e agir com violência, deboche em relação ao cidadão homossexual, um cidadão igual a qualquer outro, sem nenhuma distinção".

Um projeto de lei, aprovado recentemente na Câmara, transforma em crimes a discriminação e o preconceito contra homossexuais. As penas vão de multa à prisão por até três anos. Ainda falta a votação no Senado.

Houveram ainda outras partes que se manifestaram, como o Centro Acadêmico da Faculdade de Farmácia, representante dos alunos, que disse em nota não apoiar atitudes homofóbicas ou que expressem qualquer tipo de preconceito. A diretoria da Faculdade de Ciências Farmacêuticas diz que tomará as medidas jurídicas cabíveis para reprimir esse tipo de publicação, enquanto a reitoria da USP informou que não vai se pronunciar sobre o caso.

E neste domingo, os editores do jornal “O Parasita” enviaram um e-mail aos alunos de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) pedindo desculpas pelo artigo de teor homofóbico. No texto da mensagem, eles classificam a troca de agressões aos homossexuais por um ingresso para uma festa como "exagero".

"Gostaríamos de esclarecer que 'O Parasita' é um jornal de humor escrachado e que não tem intenção divulgar mensagens homofóbicas ou insultar (sic) a violência", diz o texto da mensagem.

O governo de São Paulo, por meio da coordenadoria para Políticas Públicas de Diversidade Sexual, anunciou ontem que denunciará por discriminação e registrará um Boletim de Ocorrência por crimes de injúria e incitação à conduta criminosa contra os responsáveis pelo jornal estudantil O Parasita, de alunos de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP).

"Nossa posição é de repúdio total. O governo vai mobilizar todo o esforço possível para impedir que tal ação fique sem uma resposta adequada", afirmou Dimitri Sales, coordenador para Políticas de Diversidade Sexual do Estado. Além das denúncias, a coordenadoria também estuda entrar com um pedido de medida cautelar para cancelar a realização da festa citada.

Particularmente, percebo diante disto e do tema deste blog, que falta muito para que a justiça seja alcançada, mesmo quando as vítimas fizeram nada além de demonstrar afeição publicamente. E estes, se vingam de tamanha diária crueldade promovendo movimentos em prol do amor, da união e fraternidade, da dignidade de todos os homens, para que sejamos todos tratados iguais nas nossas diferenças.

Obs.: ECA, é como chamam a Escola de Comunicação e Artes da USP. E há pesquisas que afirmam que o preconceito atinge 87% da comunidade escolar.

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