* Peço desculpas à todos. Ontem ficou a meu encargo postar aqui, mas devido à forte chuva que caiu, fiquei impedido do mesmo, uma vez que a luz caiu no meu bairro e só voltou no amanhacer de hoje. Espero que compreendam.
Tentarei, neste pequeno texto, esclarecer, num ponto de vista mais popular, o que é a justiça e o que é a vingança e, principalmente, quando elas se encontram, se tornando uma só coisa. Tentarei não usar filósofos e muito menos grandes autores, uma vez que, considerando o atual contexto educacional brasileiro, eles raramente são ensinados, tornando os conceitos populares livres de interferências filosóficas e assim aptos a uma análise socio-antropológica.
Após debater o tema, acima citado, com pessoas de vários níveis sociais e econômicos, percebi que a justiça e a vingança, por mais que me parecessem serem coisas distintas, na verdade se encontram em eu tênue ponto de convergência. Sim, muitos acham que a vingança pode, sim, ser uma justiça e vice-versa. Isto ocorerria em apenas dois casos, quando a justiça foi bem feita e quando ela não o foi e teve de ser feita por particulares. Porém, conforme percebi durante os longos e interessantes momentos de debate regados à chá e vinho, a justiça e vingança são conceitos independentes e representam coisas diversas, dependendo tanto da opinião do lesado, quanto do lesador, quanto da de um observador qualquer, que poderão classificá-las quanto boas ou ruins, positivas ou negativas, justas ou vingantivas, esta como bem entendida popularmente.
Antes que eu possa por aqui meus argumentos, para quer você os julgue, deixo uma linha em branco, onde deverá por a sua opinião acerca do que seria a justiça e a vingança. Não tenha medo de se expor, pois o que mais desejo é que veja que realmente a sua opinião acerca disto coincide com a de muitos conterrâneos. Deixo então aqui o seu espaço crítico. ____________________________________________________________________________________. Como muitos, você deve ter posto que a justiça é uma decisão justa a uma ação injusta, que poderá vir de Deus (se for religioso), da lei (se for menos religioso e mais "racional") e até do cosmos (se tender para o agnostismo e for mais crítico), enquanto que a vingança é uma ação ruim com o único fim de prejudicar alguém que não cometeu um ato injusto ou, se o cometeu, de forma exarcebada. Pois bem, muitos concordam com esta visão preliminar, porém, posso, com um simples exemplo invertido, inverter o seu pensamento. Pense sobre este exemplo: Uma mulher é violentamente estuprada e assassinada, sendo que o parente mais próximo acusa viermente seu filho/pai/tio/irmão/avô como o assassino. O caso foi arquivado por falta de provas e o parente da mulher resolveu fazer justiça com as próprias mãos. Agora pense neste mesmo exemplo, mas pondo, no caso da mulher, sua filha/tia/mãe/irmã/avó e no do possível assassino um homem conhecido e, que pelo arquivamento do caso, você ou um parente próximo é que resolveu fazer a justiça. Agora me diga, em qual dos casos houve vingança e em qual houve justiça, mesmo que "privada". Muitos, como você, disseram que no primeiro houve uma vingança, uma vez que não havia provas e que acredita, piamente, que um parente seu não faria isto, enquanto que no segundo exemplo houve a justiça, já que no relatório preliminar o homem era o principal suspeito e que acredita que a morte de sua parente não pode ficar sem "justiça", além que o possível assassino tinha que ser punido e assim deixando a sociedade livre de mais um criminoso. Bem, agora volte ao espaço crítico que lhe dei. Releia-o e, além disso, o que disse no primeiro parágrafo deste texto. Agora se dê um tempo para reflexão. Vá beber um chá, tomar uma deliciosa taça de vinho, e depois voltamos a debater.
E ai? Como foi a sua reflexão? O vinho estava bom? Eu fiquei aqui tomando uma xícara deliciosa de chá. Mas bem, vamos voltar ao nosso debate. Deve ter percebido três coisas: a primeira é que os conceitos de justiça e vingança se confundem no caso concreto; a segunda é que é o observador que define se houve ou não justiça ou vingança; e a terceira é a união das duas observações anteriores, que levam a crer que justiça e vingança, por mais que parecam ter um conceito concreto, não o são na realidade, pois num mesmo caso podem variarm, dependendo de quem as analisa. Se você consegiu perceber uma ou mais destas observações, parabéns. Caso contrário, leia um pouco mais e se dê ao direito de refletir profundamente por um tempo maior, que assim perceberá.
Outra coisa que percebi, e espero que tenha também, porém muitos não o conseguiram, foi que há, em alguns casos, a união da justiça e a vingança. Usando o exemplo que deixei acima, algumas pessoas viram que havia a vingança e a justiça, uma vez que o ato de fazer justiça com as próprias mãos era uma vingança, mas ao mesmo tempo era justiça, pelo fato de se conseguir uma punição a alguém que cometeu uma ação injusta e que não foi punido pela lei/Estado. Ou seja, o próprio ato de se vingar é justo e injusto, justo na medida em que consegue uma punição e injusto na medida em que não se tem uma legalidade do ato. Este foi o tópico que mais me impressionou. Fiquei dias pensando nele, até concluir que não havia imparcialidade perante justiça e vingança. Sim, sendo o mesmo caso entre religião e ateísmo. Porém, entre a religião e o ateísmo há o agnóstico, que fica numa corda banba entre os dois e, frequentemente, acaba caindo num dos lados mas lá não ficando, entre a justiça e a vingança todos nós tendemos a ficar como o agnóstico, no meio deles, repetidas vezes caindo num ou no outro, mas lá não ficando muito tempo.
Concluo, então, que é impossível tentar definir o que é justiça e o que é vingança, como também o que é justo e injusto, bem ou mal, certo ou errado, pois sempre dependerá do caso concreto e da forma como analisamos e nos situamos dentro dele. Para isto, cito o conceito de agnósticos, que diz que a nossa razão não é, por si só, capaz de dizer se Deus existe ou não, devendo ficar no meio termo, tendo temor a Deus e respeito á razão. Assim então fico e espero que também fique, no meio termo, acreditando que a nossa razão não consigue dizer se é justiça ou vingança um certo ato, devendo-nos ter temor a lei e razão em nossos atos.
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